álbum homónimo da banda que o pôs de pé, que lhe deu o estatuto de coisa, The Dissociatives abre com uma voz bastante familiar – a de Daniel Johns. Tinha ela – a voz – 15, 16 anos, quando a ouvimos pela primeira vez.
Corria o ano de 1995. Já depois de ganharem prémios com o tema Tomorrow, um ano antes, os australianos Silverchair editavam o seu primeiro álbum: Frogstomp. Nessa altura, Johns fazia-se acompanhar por Chris Joannou, no baixo, e Ben Gillies, na bateria. Editariam, ainda, mais três álbuns: Freak Show, em 1997; Neon Ballroom, em 1999; e Diorama, em 2002. Pelo meio o primeiro volume de um best of, que além dos habituais singles, nos oferecia um conjunto bastante interessante de remixs de algumas das suas canções.
Já com Diorama – o último dos Silverchair até hoje – Daniel Johns patenteava que fervilhavam ideias estranhas ao conceito Silverchair: o conceito pós-grunge, pós-pós-punk, na sua mente compositora. Decidiu dar asas às suas ideias. Sem associações. Assim, juntou-se a Paul Mac – um pioneiro e uma referência da música electrónica na Austrália –, com quem travou conhecimento em 1997 aquando da remistura do tema Freak, dos Silverchair; e formaram a banda The Dissociatives.
Editam o seu primeiro trabalho, homónimo, cheio de músicas de apreciável técnica. De ambientes por sons conjugados de formas bizarras. Com vozes de estranhos tratamentos. Batidas fortes, secas. Tudo muito bem pensado. Música calculada. Editada no pormenor. Válida. Para ouvintes que gostem de retirar ideias, que apreciem a técnica e a mecânica dos instrumentos encaixados uns nos outros. Para compositores felicitarem trabalho de compositores. Música enciclopédica, portanto.
Anotei isto. Para escrever. Após a primeira audição. Afinal, à medida que o álbum recomeça depois de muitas vezes acabar, à medida que nos vamos habituando a estas sonoridades, a opinião é ligeiramente diferente. Tinha apontado: Paridade com Radiohead, Pink Floyd, Sigur Rós: sentimento zero. Continua verdade. Mas a fasquia foi colocada, à partida, demasiado alta…
Denotam-se os traços de uns (bons) Blur em Somewhere Down The Barrel e Lifting The Veil From The Braille. Traços bonitos, dos bons: a deixar a saudade e o sorriso. Em Forever And A Day avultam-se vozes: uma feminina e muitas, de crianças – o coro Surreal for the Kidz.
Os Dissociatives andam já a recolher prémios. No princípio deste mês de Março, foram galardoados com o prémio 'Video of the Year’, nos primeiros Australian MTV Awards de sempre.
Têm também disponível um DVD gravado ao vivo denominado Sydney circa 2004slash08. Ainda ao vivo, e ao contrário do que aconteceu até à data com os Silverchair, esperamos ver Daniel Johns, e o seu novo companheiro de armas – Paul Mac –, por terras lusitanas.